terça-feira, 20 de outubro de 2009

Casimiro de abreu "Anjo"

Sub umbra alarum tuarum.




Eu era a flor desfolhada

Dos vendavais ao correr;

Tu foste a gota dourada

E o lírio pôde viver.



Poeta, dormia pálido

No meu sepulcro, bem só;

Tu disseste - Ergue-te Lázaro! -

E o morto surgiu do pó!



Eu era sombrio e triste...

Contente minh'alma é;

Eu duvidava... sorriste,

Já no amar tenho fé.



A fronte que ardia em brasas

A seus delírios pôs fim

Sentindo o roçar das asas,

O sopro dum querubim.



Um anjo veio e deu vida

Ao peito de amores nu:

Minh'alma agora remida

Adora o anjo - que és tu!



Julho - 1858.



Fonte: www.dominiopublico.gov.br

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